“É bonito viver, porque viver é começar sempre, a cada instante.” (Cesare Pavese)
COMUNICADO FINAL
No capítulo V de “Na origem da pretensão cristã”, padre Giussani enfatiza que, após o relato da transformação da água em vinho nas bodas de Caná, São João conclui, dizendo: “E os seus discípulos acreditaram nEle”.
O que aconteceu com os discípulos, acontece agora, no presente. Tal e qual. E dizemos: “E os seus discípulos acreditaram nEle”.
Gostaria de compartilhar com vocês o que a diretoria do CCFP viveu durante o RE 2021.
Chegamos ao fim do nosso evento com o mesmo maravilhamento das edições anteriores: um transbordamento de experiências relatadas, que nos provocaram a fazer experiência, a comparar o que era dito com todas as perguntas e inquietações que temos no coração.
Percorremos um caminho no último ano, que culminou neste fim de semana. Através do frágil sim de alguns amigos, pobres coitados, que estavam com o coração inquieto e desejoso, que não puderam aceitar simplesmente padecer a dureza da realidade e ser meros expectadores das coisas, um Outro mostrou o seu rosto inconfundível. Neste percurso, percebemos entre nós, em ação, o que padre Giussani descreve no seu livro Deixar Marcas na História do Mundo: a partir do carisma de CL, o aprofundar-se de um vínculo de fraternidade mais forte que o vínculo de sangue, dentro de uma companhia que é caminho para o destino.
A crise gerada pela pandemia é perversa, cruel, e ninguém em sã consciência poderia desejá-la. Mesmo assim, transformou-se em ocasião, como nos disse padre Carrón na manhã de hoje, não para viver um fim de semana de esquecimento, mas para verificar que nem mesmo o vírus pode impedir que a verdade se revele, atraia o coração, e o ponha em movimento.
Aceitando o desafio de realizar o Rio Encontros de forma remota, pudemos encontrar amigos de três continentes, e com o auxílio da tecnologia e da tradução simultânea para o espanhol, pudemos chegar não só a todo o Brasil, como também a toda América Latina.
Na última sexta-feira, fizemos um convite, uma provocação para nós mesmos e para vocês: sugerimos que cada um olhasse e ouvisse com atenção as experiências que nos seriam apresentadas nas várias mesas e, depois de ouvi-las, decidisse lealmente se tudo se trata de interpretação e ponto de vista, ou se foram relatos de fatos, irredutíveis a interpretações, que aconteceram.
E o que ouvimos?
Ouvimos o que Alejandro Bonet e Hilda Souto contaram sobre a mudança que aconteceu na vida deles e sobre a amizade que se aprofundou descobrindo juntos quem é o Papa Francisco através de seus gestos e palavras. Ouvimos Carolina Brito contar que a discussão de temas políticos levou a uma fratura nos relacionamentos na sua cidade, recuperada quando, reunindo-se para responder a uma necessidade, em ação, eles perceberam o desejo de Bem que todos têm em comum. Franco Nembrini nos contou o método que levou os filhos a entenderem por que se debruçar sobre os problemas de Serra Leoa tinha a ver com eles, ao fazê-los ver a situação do país e um pedaço de paraíso em meio ao caos. Experiência semelhante nos contou o Evaldo José.
Alejandro Marius, num país fraturado pela ideologia e pela falta de perspectiva para o seu povo, e Rony Rameh, no Líbano dilacerado por guerras criadas fora do país, por pessoas que consideram inaceitável que possa haver convivência pacífica entre diferentes religiões, e querem eliminar a presença cristã no Oriente Médio, nos comoveram com a sua decisão de permanecer a despeito de tudo, por reconhecerem nessa circunstância um chamado, uma vocação.
Andreia e Cláudia nos revelaram a concretude da dureza de cidades severamente acometidas pela Covid 19, e onde encontraram as energias para recomeçar
Padre Carrón nos lembrou, entre tantas outras coisas importantíssimas, que a dificuldade pode ser uma ocasião, confirmando a importância de termos levado à frente o desafio de construir juntos o Rio Encontros.
Enfim, o perfume da experiência, como dizíamos na última sexta-feira, inconfundível, atraente, fascinante. Pessoas que não têm tempo para fazer análises abstratas, porque a vida urge. E cada um de nós foi provocado a fazer o seu caminho, único, pessoal, que nenhuma pessoa pode fazer por em nosso lugar.
Se alguém dissesse aos nossos palestrantes que o que vivem não é verdade, não são fatos, apenas interpretações, não tenho dúvidas de que a reação seria, no mínimo, de considerar que o interlocutor fosse louco.
Para nós, do CCFP, esses foram dias de admiração, e o foi também para muitos amigos que nos acompanharam e enviaram mensagens contando o que estavam vendo e vivendo. O coração (no sentido dado por padre Giussani, como o lugar da comparação do que acontece com as exigências fundamentais de beleza, de verdade, de felicidade, de bem) não se engana, como nos alertou também padre Carrón. Quase sem pensar, mas cheio de razões, reconhece: é acontecimento, é fato, “é” bonito. E, como dizia Franco Nembrini, ninguém tira tal certeza de quem fez esse caminho.
Cheios de alegria, maravilhados, comovidos, ao término desta edição do RE, queremos agradecer muito a todas as pessoas que contribuíram financeiramente, independentemente do valor, para que o RE acontecesse. Cada um contribui como e com o que pode, e nesses tempos difíceis, vimos muita generosidade e afeição pelo gesto, amigos que desejam o RE, porque lhes é de ajuda. Essa história é de todos nós, sem dúvida, porque o acontecimento que se dá surpreende igualmente tanto a quem consegue participar com um pequeno gesto de doação como a quem tem a disponibilidade para se envolver na organização.
Queremos agradecer particularmente aos voluntários que trabalharam na tradução das mesas de e para o português, o espanhol e o italiano: Alexandre Ferraro, Biagio D’Angelo, Fabiana Aguiar, Isabel Almeria, Isabel Martin, Sergio Madera e Silvia Caironi. Além deles, somos grato a Renata Cromwell e Ana Beatriz Monteiro, responsáveis pela arte do programa e dos convites para divulgação, a Elizabeth Sucupira, pelo trabalho nas mídias sociais do Rio Encontros, e a Isabela Alberto, .
Um agradecimento especial vai para os nossos moderadores: Patrícia Molina, Elisabete Silva, Alexandre Ferraro, Marco Montrasi (Bracco) e Júlia Gebara, que tão bem conduziram os nossos momentos de encontro.
Agradecemos também aos músicos Marcelo Cesena, Chico Lobo, Tatá Sympa, Marcela Bertelli e Nani, que nos brindaram (e ainda vão brincar mais) com a música que desperta o coração e expressa seus anseios, e às professoras Valéria Lopes e Cecília Canalle.
Finalmente, agradecemos aos nossos palestrantes, particularmente ao padre Carrón, que, nos colocando diante de experiências fascinantes, indicaram um caminho para poder Recomeçar sempre, a cada instante.
Lembramos que os vídeos de todas as mesas e eventos musicais serão disponibilizados em tempo oportuno no Canal do YT do CCFP. Visitem também o nosso site (www.fatopresenca.org.br)!
Esperamos encontrá-los novamente no próximo ano, para continuarmos a verificação da resposta à nossa pergunta inicial (“O que é o real que precisamos viver intensamente para chegarmos ao significado último da realidade?) – já que a vida é um caminho, e o acontecimento reconhecido hoje necessita acontecer cotidianamente, senão se torna cinzas e memória de coisas bonitas, que ficaram no passado, e para compartilharmos a experiência de Recomeçar.
Forte abraço para todos!
Adriana Monni, Carlos Faria, Flávio Pereira, Marta Borges, Rosângela Pereira, Walter Vasconcelos
Diálogo sobre o vídeo “Gestos e Palavras”
- Alejandro Bonet, advogado, professor de Doutrina Social da Igreja, de Santa Fé/ Argentina
- Hilda Souto, artista plástica e designer, doutoranda em Teologia pela PUC do Paraná, de São Paulo/Brasil
- Moderadora: Patrícia Soares Molina, jornalista, de São Paulo/Brasil
Aquí la versión en español
Mesa redonda “Educar (e ser educado) sempre, a cada instante”.
- Franco Nembrini, professor, educador, ensaísta, da Itália
- Carolina Brito, Diretora da Escola Bilíngue Rafael Hernández e das Escolas Públicas de Boston, nos Estados Unidos
- Moderadora: Elisabete Regina do Carmo Silva, psicóloga clínica e educacional, de Minas Gerais/Brasil
Mesa redonda “Recomeçando em meio à crise: experiências no Líbano e na Venezuela”
- Rony Rameh, funcionário da AVSI, de Beirute/Líbano
- Alejandro Marius, engenheiro, empreendedor social, fundador da Asociación Civil Trabajo e Persona, de Caracas/Venezuela
- Moderador: Alexandre Ferraro, médico, professor da USP, de São Paulo/Brasil
Concerto “É Bonito Viver”, com Marcelo Cesena
Mesa redonda sobre o tema do Rio Encontros 2021 – “É bonito viver, porque viver é começar sempre, a cada instante”
- Julián Carrón, presidente da fraternidade de Comunhão e Libertação, de Milão/Itália
- Evaldo José Palatinski, educador e jornalista, do Rio de Janeiro/Brasil
- Moderador: Marco Montrasi, economista, responsável pelo Movimento Comunhão e Libertação no Brasil
Mesa redonda “De onde vêm as energias para recomeçar: as experiências de Macapá e Manaus”
- Cláudia Raimunda Sena Figueiredo, contadora, de Macapá/Brasil
- Andreia Brasil Santos, professora da Universidade Federal do Amazonas, de Manaus/Brasil
- Moderadora: Julia Gebara, advogada, professora da Universidade Mackenzie, influenciadora digital, de São Paulo/Brasil
Sarau de músicas e poesias “Cantar a beleza e ser um eterno aprendiz”
- Chico Lobo, violeiro, cantor e compositor, divulgador da viola caipira no Brasil, nascido em São João Del Rey, Minas Gerais
- Tatá Sympa, músico de formação erudita e popular, intérprete, compositor e instrumentista, de Minas Gerais/Brasil
- Marcela Bertelli, cantora do grupo Ilumiara, de Belo Horizonte, Minas Gerais/Brasil
- Nane Souza, violonista de Belo Horizonte/Brasil
- Valéria Gomes Lopes, professora de língua portuguesa e suas literaturas, psicopedagoga, do Rio de Janeiro/Brasil
- Cecília Canalle Fornazieri, mestra e doutora em Educação pela Universidade de São Paulo, de São Paulo/Brasil